Poemas 2024

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Tu sustentas a tua acusação
na base de uma esperança
A tua argumentação ilude

Fundamentada em mentira
E estás a ganhar os casos
O juiz acena com a cabeça
Os jurados concordam…

A acusação apoia e insiste,
A defesa exalta-se e diz:
'O acusado não fica triste
Mas deixa o réu infeliz.'
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Se o teu nome veio de um navio
Sussurrado pelo vento que o trouxe,
Se os marinheiros o partilhavam
E todos comentavam a teu respeito,

Como poderia não ouvi-lo?
Seria surdo se não o ouvisse
Seria tolo se não me interessasse.

Tu chegaste ontem à ilha
Montas o teu acampamento longe,
Mas eu ouvi os relatos, vi factos,
Como posso ficar mais perto?
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Olho para baixo e vejo o oceano:
Um tecido luminoso e profundo,
Mas com essa descrição pergunto:
Será o mar azul que vejo
Ou um dos teus olhos azuis? 
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A minha linda pedra dos oceanos
Procuraram por mil anos
E encontraram agora,
Ah, vamos embora,
Pois já não há mais nada para ver! 
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Quanto espaço tenho na memória
Para ouvir-te falar de encantamentos?
Quantas horas de gravação restam
Para acumular todas as palavras?

Alguém me responde:
Poucas! Uma restia! Uma sobra!
Ah, então a pergunta que me resta:
Quando posso aumentar o espaço?
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Quem não gostaria de te ter
E reencontrar, de novo, a vida?
Ter um novo nascimento
Ingressar no torneio da alegria
Desafiar a ciência com o amor
Enfrentar o mundo ao teu lado?

Nem quis acreditar quando ouvi
E soube que tu eras única, sem igual,
Como posso reverter o pensamento?
Como vou amar outra no teu lugar?
Como enfrentar o julgamento cruel
E perder a caução do amor pessoal?

Alguém vai saber dessa maravilha
E virá do fundo confim do mundo
Para te comprar com o seu poder
Demostrando a sua rica beleza
Levar-te da ilha das ameixas.

Quantas pérolas teria de contrapor
Para levá-la para longe, comigo,
Para profundezas do meu peito?
Vamos, dancemos um contra o outro
Eu tenho treinado, eu consigo,
Quero levá-la comigo!
Tu e eu, meu rival, dancemos por ela
Faremos um concurso sincero:
Trauteemos as músicas favoritas dela
Quem vencer, avança no seu abraço.

Queres que eu perca, minha amada?
Ah, então não combato, não luto,
Apenas preparo o luto, o evento fúnebre,
Para despedir-me da minha vida,
Talvez chame os meus amigos
E por uma última vez, a minha família.
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Tenho assistido às tuas expressões,
Em camara lenta, vou parando para ver
E é sinistro aquilo que descobri:
Tens uma longa veia repetpiliana -
Aquilo que será sangue cósmico,
É veneno humano pulsando dentro.
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Traição - no que consiste?
Tu sabes - tu já me fizeste,
Foi pelas costas que traíste,
A nossa amizade rompeste,
Depois,
As tuas desculpas latiste
Mas não há uma que preste,
Tu és um palhaço e és triste
E nem isso aprendeste!
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Quantas horas ficas sem contar os minutos
E queres que o tempo congele por momentos?
Existem poucos momentos assim, não é?
E, por isso sabes que, quando acontece, é bom,
E sabemos que aquele instante é especial.
Quando volta a acontecer, continua a ser bom
Uma repetição infinita de satisfação!
Parece até uma alucinação irrealista,
Mas a vista vê, e quer mais,
Mal acaba o momento, pede só mais um pouco
Até que o desejo fique rouco, e não peça mais…
ah mas, só por um instante, porque depois,
Já suplica pela mesma ocasião, a mesma pessoa
A mesma conversa.
Isso é prazer, amizade, amor! 
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Linda menina de mente pura
Deixa-me ficar contigo
Dar-te a mão, sem censura.

Respira fundo na minha boca
Deixa-me deixar-te louca
Apenas com a ponta dos lábios,

E tu com a sobra da consciência
Elevas os olhos e delicada dizes:
Amar-te é desatino e urgência!
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Tu és um patinho lindo
Assustadiço e medroso,
Mas és lindo e carinhoso
E eu amo quando me segues
E à janela vejo que persegues
A sombra que te dá luz,
E o guia que te conduz
É o mesmo que te ama. 
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Se o tempo voltasse atrás no tempo
Eu congelar-te-ia num glaciar,
Dentro de um cubo de gelo
Conservada pelo frio intenso,
E nessa ausência de calor, derretias,
Ouvindo o gelo a rachar
Mas o coração nunca a aquecer.
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Fui um débil escravo da solidão
Onde era puxado por uma trela,
Vivia de negridão em negridão
Há espera de sair da suja cela!
Quando fugi chorei de emoção
E prometi jamais voltar a vê-la!
Porém, um dia, vi-a, num nevão
E apaixonei-me pela donzela…
Rapidamente senti o coração
A ser preso pelos olhos da bela,
E desta vez não foi obrigação
Eu quis prender-me a ela!
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Fui vendido como escravo
Treinei para ser livre,
Quis lutar na arena
Para ter outra vida.
Fui um herói completo
E prometi a mim mesmo
Nunca mais ser escravo.
Mas quando te vi, ah,
Delicias! Eu quis sê-lo!
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Quando o poço é tão fundo
Só preciso de ti e do teu cabelo -
As mais longas tranças do amor.
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Se não te apercebes que os mineiros trabalham
De sombra em sombra em pés sujos e descalços,
Cansados sob um teto exausto a suar,
Então percebe que existem e todos estão a trabalhar
Para encontrar o lado do teu coração que me quer amar! 
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A festa acabou e nem festejei
Tiraste tantas fotografias e eu nenhuma
Não tive à altura dos teus saltos
E foste embora pela porta pequena.
Agora salto no trampolim em vão
Espero encontrar-te pela cidade
Mas tu estás escondida no chão
Dentro do buraco da tempestade.
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Um homem espalha azeite pelo chão
E circunda as covas que o coveiro fez,
Na morte chata da noite, a noite é vã
E a forte luz ferve no oleo derramado,
Quantos longos hinos serão cantados
E em quantas manhãs serão entoados?

Não há terra húmida que não seque
Cada poeira e cada molhado grão,
O forte sol empresta a luz ao calor
E o farol é desligado logo de seguida,
Nenhuma luz é artificial na cidade
Todos brilham apenas com sombras
Mas sem escuridão.

Quantos beijos meus vão ter aos teus
E ouvir-te falar de manhã é alegria,
Eu gosto de ti durante todo o dia,
E mesmo que a noite nos separe
E só nos voltemos a ver pela manhã
Os meus sonhos farão a sua parte
Sonharão contigo, terei a mente sã.

Tenho tanta pressa de te amar
E deixar-me apanhar pela constipação,
Há um meteorito de amor pronto a cair
Então vou cavar uma cova no chão
Quero apaixonar-me a cada fim do dia
Olhar nos teus olhos e mimar-te,
Esperar que o meteorito caia sobre nós
Mas antes, preparo-me para amar-te.

Que saudades tuas vou ter ao sair
E ter de ir trabalhar sem a tua presença
A tua companhia é essência da vida,
Com o boticário me perfumo na véspera
E de forma funesta morro na solidão,
Quanto te vejo faço uma festa
E entrego-te o prato principal: coração.
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Sou felino que se importa e isso impele
a olhar para ti e sentir a tua dura dor:
Quero roçar o meu pelo na tua pele
Mostrar o meu lado meigo, consolador.

Desejo ronronar ao teu solitário ouvido
Lamber-te os dedos, a cara e o nariz,
Não te quero ver triste nem combalido
Apenas alegra-me deixar-te feliz!
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Quantos casais ficam calados
Lado a lado, olhando para o telemóvel,
Lábios selados, olhos vendados…
Ela dá-lhe a mão, mas ele fica imóvel.

Amar por conveniência é castrar
Deixar o tempo passar é quase trair,
Devemos ficar com quem ame falar
E devemos amar quem nos faz sorrir.

Que esses momentos sejam a luz
De futuros novos relacionamentos,
Pois o espírito de amizade produz
A nobreza da alma, felizes momentos.
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Meus amigos, não ouvem?
Um som invulgar na cidade!
Dois corações apaixonados batem
Cada um do seu lado
E por isso, fazem tremer cada canto! 
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Entrei num concurso de amores
Procurando o meu encaixe,
Havia apenas duas compatíveis
Mas no trato diário desfizeram-se;
Viajei pelo mundo até à China
Estudei cada etnia e região,
Mas o amor não me esperava lá;
Foi por estupidez que procurei
Pois ao meu lado ela existia
E nenhuma forma de vida me avisou…
Eu também não perguntei,
E como felino insatisfeito fui à caça…
Perdi tempo e dinheiro, nada havia
Nada do que ouvia ecoava em mim,
Nada do que via me era estimulante.
Então, num sonho extra casual,
Deus fez-me uma pequena partícula
E eu voei até ao confim do universo
Onde ele ainda se expande,
E foi ai - sem nenhum espanto -
Que finalmente percebi:
Tu és o verdadeiro encanto
Não há nenhuma igual a ti!
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Como um barco que navega à deriva
Esse era eu nas noites de tempestade,
E de farol em farol incerto navegava
Sem conseguir atracar em bom solo,
As ondas arrastavam-me para longe
E ficava sem rumo, sem um bom porto.
Tu foste como a luz do firmamento
Que iluminava as correntes de água
E me fazia saber o trajeto de viagem,
As tuas palavras eram um eco diurno
Que no meio do temporal se ouviam.
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Olhei para o céu e vi um anjo a descer
A planar ao ritmo de todos os pardais,
Levantei-me, preparei-me e fui a correr
Para perceber se as visões eram reais!

Olhei e pasmei com o que estava a ver:
Os seus olhos luminosos eram vitrais
Os seus cabelos longos ouro de mulher
E os seus dentes eram brancos corais.

Ela era esse anjo que me veio dizer:
"Procuro os mais dignos mortais
Um deles terei de rápido escolher
E levá-lo comigo aos Seus umbrais."

Era tão bom que fosse eu a escolher…
Ó doce e meigo anjo, para onde vais?
Deus ficará com saudade do teu ser
E os amigos anjos mandarão postais!
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Vejo o altar guardado por Morfeu
E seres tu a noiva - quem me dera…
Mas nada é dado… só a quimera
Então, na arena luto pelo branco véu
Ver-te alegre - esse é o meu troféu -
Mesmo que seja dilacerado pela fera.
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A tua beleza é sublime doce candura,
São detritos de meteoro de beldade
Caíram na terra sobre a crua feiura
E formaram uma nova identidade,
Neste momento faço essa leitura
Para saber dessa feliz novidade:
Descubro que pertences à natura,
Ah sim, essa é a única verdade! 
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Se ficaste na cama até ao meio-dia
Mas não por sono ou cansaço,
E levantaste sem fome nem energia
Mas não te sentes fraco, devasso,
Tu não estás doente, confia:
Apenas precisas de um abraço,
É a paixão que te contagia
Meu filho, o homem não é de aço.
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Por mais anos que passem
Sou um escravo secreto
Do interno romantismo. 
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Tu queres um poema dourado
Mas eu dou-te mais que um poema:

Olho para as gaivotas em terra -
Sinal de tempestade em mim -
O vento empurra os grãos do deserto
Forma-se mais uma duna dourada,
Na turbulência dos assobios do vento
Somente a poeira se encontra a si,
Mas, andando entre essa cortina
Devastando o ar com as mãos,
Os nossos dois olhos encaram-se,
E mesmo permanecendo calmos
Eram os elementos mais tempestuosos,

De um lado para o outro movem-se areias
Mas foram os peitos que ficaram cansados,
Demos as mãos em pleno temporal,
Sabíamos dos perigos que enfrentávamos
Andamos com cuidado, porém,
As nossas línguas eram movediças...
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Se ela voltasse a minha porta estaria aberta para a receber, os seus passos juntar-se-iam ao eco das restantes portas da vizinhança abrindo. Se ela voltasse, eu saia da campa até aos seus braços...
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Só parei de pensar em ti
Por pena do meu coração
E por piedade do peito,

Mas se tu voltasses,
Num raio noturno da lua
Eu floresceria em brilho
E a luz das sinapses
Se tornariam o sol,
Iluminando as cores
Até o anis em falta
E o purpura escondido!
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A cada encontro retiraria uma pétala
E pétala a pétala retirada, sobraria uma,
Plantada no vocabulário tu nascerias

Tu podias ser um verbo português
Sinónimo de beleza,
Escreve na carne o principal motivo:
Sem amor, nenhum de nós é preciso.
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Vejo um naufrágio distante
E apenas pergunto o necessário:
Quais foram as ondas que o desabaram? 
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Se chegasses de novo ao jardim
Ajoelhada na terra molhada
E plantasses a tua presença,
Irias multiplicar-te com o tempo
E mesmo na tua ausência
Irias florir aos meus olhos.
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Quantos dias faltam para te conhecer
A vida é tão feliz contigo
Até ao anoitecer.
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Queria voltar a ver-te

Tenho saudades tuas -
Quero ver-te e não consigo
Estás longe e é um castigo

Sinto que metade de mim se foi e
A outra metade já estava contigo
Estou vazio e nada sinto.

Quero preencher o coração aflito
Expulsar aquilo que me aflige
Recuperar o meigo instinto

Sem ti, é apenas ser pela metade
Sem ti, é descontinuar o caminho,
Sem ti, o mundo é mina, abismo
Sem ti, falta amor, sol, carinho.

Quantos refrães cantam os verões
Sonhando pela onda do teu calor?

Quando te vi soube que eras alegria
E bastou um sorriso para consentir,
Fechei os olhos, beijei-te e senti o dia
E caindo na noite vi uma estrela a sorrir

Numa frase descrevi tudo o que sei
Mas nem tudo o que sinto.
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Ouvir dizer que ela ficou muito afastada
E que de dia sorri, mas de noite chora,
E nunca era convidada, mas quando era,
A festa só começava quando ia embora

Eu falei com ela enquanto me enganava
E vi o seu comportamento disforme:
Almoçava com e outro, nunca parava
Mesmo assim, tinha sempre fome… 
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Eu quero amar-te como a lua ama o céu
E cedo colocar-te um vestido com um véu,

Eu quero encontrar aquela que o amor instruiu para me amar,
E quem será aquela que poderá ir buscar ao fundo, num mundo sem paixão
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O papel do romântico
É gastar todas as folhas
Caídas da árvore seca
E torná-la de novo verde
Mesmo em pleno inverno.
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Quantos profetas falharam em profetizar
Que a estrela do norte era a polar
E todos foram falhar com uma explicação:
Enquanto ficavam em casa a estudar
Não saiam para navegar
Não viam o teu olhar em iluminação. 
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De tão certo que estás tão longe
Afugento os pássaros migratórios
Eles que voem e levem o bilhete:
"Tão breves notas são decadentes

Quero que sejamos parentes
E ninguém da família case por nós,
Assim nunca estaremos sós,
Tu de fragrâncias despida
No espírito dos anos atrevida:
'Se houver um filho, seremos avós'". 
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Eu sei que esta carta não deveria ser para ti,
Deveria ser para outra ou até para nenhuma,
Mas só tu saberás ler as minhas palavras
E interpretar nelas o meu amor por ti.

Cai entre as grades da solitária prisão
E é de lá que te escrevo este lamento,
Sei que não virás visitar-me na presença
Mas em uma carta há esperança - estarei atento.

Enquanto espero no roer das unhas
Escrevo o próximo poema que te enviarei,
Amar-te será o tema principal
E amar-te para sempre - isso esperarei!
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Os olhos estão acamados, pálidos
Cobertos com uma fina película,
Não te vejo e assim vejo
Além da camada de nevoeiro
A forma agonizante da cegueira.

Agora resta apenas
Imaginar como és agora
Supor qual a nova forma
Especular a tua grandeza…

Durante a noite pressinto as estrelas
E uma que cintila na minha direção,
Essa fala em código cósmico de morse
Tentando descrever a visão de ti,
A luz é forte, mas há morte da visão
E nada vejo sem tocar com as mãos.
Ela emite luz e eu equilibro-a nos dedos
Escorregando entre margem das unhas,
Perco a única mensagem de como estás
E volto a ser a íris cega em escuridão.

Até um reflexo na água te reproduz
E a sombra molda a tua forma,
Eu estou impedido de te manobrar
Pois a memória não tem luz para isso…

Devo derreter os meus velhos olhos
E retomar ao atordoado tato,
Sobrepor os dedos sobre o teu retrato
Assim, talvez recorde a tua definição
Espero que sim, pois estou cansado
De te reformar vez após vez
E cada vez um centímetro a mais
E cada vez um quilo a menos,
Às vezes, os olhos são pequenos
Às vezes, os cabelos são gigantes…

Quero voltar ao tato sem demora:
Posso não saber como estarás agora,
Mas saberei como eras antes.
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Quantos dias da semana já passaram?
E apenas em um deles eu te vi,
Não sei como os olhos aguentaram
Estar tanto tempo sem te ver…
Talvez porque cenários eles criaram
Onde conseguia ver os teus dons,
E até na fantasia eles te desejaram
Pois todos os dias contigo são bons. 
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Sem a vergonha de te enfrentar
O teu olhar são lírios perfeitos
Ligeira arrogância em flor de lis,
É sono, encantamento ligeiro
Como os frutos da figueira
Plantado num dente feliz.
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Para mim, se estás presente, basta,
Tu encarnas Polaris
E eu rápido descubro o norte da vida
Navegando além do firmamento,

Tu emites um sinal e eu navego,
Corajoso desço de hemisfério
Fixando Polaris no céu estrelado,
Mas, assim que desdobro o planisfério
E passo para o outro lado dos oceanos
Perco o rumo, Polaris desaparece.

A tua ausência é desatino, desnorteio,
Carência de sentido de orientação,
E sem um astrolábio afinado, cedo,
Navego às voltas de um remoinho
Sob as constelações desconhecidas
Pelo norte. 
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Gostava que fosses como um pêndulo
E assim, mesmo que tivesses ido
Voltarias ao mesmo lugar de antes. 
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Por mais que te queira, eu não te quero,
E se todos fugíssemos para onde irias?
Não penso que estejas dentro de mim
Mas sou sincero:
se me pedisses, entrarias. 
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Firme, fica no seu posto
Debaixo das luzes que cruzam o céu
Contando o amor em milhas
Multiplicando pelas balas que evita
Para sobreviver ao erro da morte
E voltar ao abraço das mil paixões.
Casa é o destino desejável e mais feliz
Como quentes lençóis entre os braços
Nesse caso, o desespero é aprendiz
Perto da esperança e os seus laços. 
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Passei toda a noite a sonhar contigo
Como se a tua ausência não existisse
Como se fosse feliz quando não estás
Como se a tua pele fosse palpável

E abracei-te nesse sonho
Eu fui ter contigo mesmo que longe
Até no sonho lutei por ti
E fiquei feliz por te ver novamente

Creio que não consigo apagar o que vi
Quando tu estavas cá era evidente
Outras fizeram o mesmo mas
Contigo eu acredito ser diferente
Porque tu foste verdadeira mesmo não querendo
E ficaste presa aos meus encantos
Não pudeste evitar mesmo que tentasses
Tu mentiste, mas não pudeste mentir
Os teus olhos eram genuínos
O teu corpo verdadeiro.

A vida é tão cruel e perversa
Mostra-te um pássaro sem asas
Para eu cuidar e proteger
E depois, dá-lhe asas
Ele voa, nunca mais o vou ver
Que crueldade e que vazio que sinto

Eu menti a mim mesmo, confesso,
Mas defendo metade de mim mesmo:
Não tive metade da culpa do sucedido,
Pois o meu corpo estava quieto e inerte
Quando durante a noite sonhei contigo
E durante toda a noite simulei o retorno,
Foi trabalho prazeroso do inconsciente
Mas o restante corpo de nada sabia
Foi hipnotizado e iludido a acreditar
A mentira foi elaborada não foi vulgar,
Eu sonhei olhar, tocar e abraçá-la,
Sonhei que ainda havia esperança
Caso eu ainda quisesse amá-la.

Nunca os meus sonhos foram tão reais
Onde houvesse uma forte tentativa
De criar uma realidade alternativa
Onde eu quisesse ficar a sonhar mais.
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Por favor, regressa
Vem depressa
Dá-me a tua mão,
Volta à nação perdida
E mata-me a solidão!
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Cantaste o que saía de ti
Sem pensares na melodia,
Eu não cantava, só sorria
Pois cantavas sobre mim
Uma música lenta, calma
cantada em estrangeiro,
E apesar do ato lisonjeiro,
não me entrava na alma.

Então,

Seguraste a minha mão
E com os lábios traduzidos,
Beijaste aos meus ouvidos
A letra do teu coração! 
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Podemos dançar e esquecer que estamos separados pelo oceano?
Apenas tu e eu numa valsa mediterrânea, como se as ondas ajudassem os movimentos…

O peito inunda-se na composição tardia, derramam-se as lágrimas da maresia e não há música na tua falta.
Deste lado, o silêncio na praia é símbolo da tua ausência, pois desse lado, todas as brumas beijam os teus pés.

Sim, eu queria que o Mar Vermelho abrisse e que lá ao fundo te visse de braços abertos, pronta para um abraço molhado, uma dança escorregadia de beijos.
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Ele olha de volta até ficar apaixonado
Enquanto vê o sorriso da confirmação

E eu do outro lado do vidro duplo:
"Não! Foge depressa com o vento,
O teu doce lar será um tormento
Cada dia será um lamento lento,

Só de ver é como se sentisse tudo
Na pele um eczema mancha a ferida
Não se percebe que está inflamada
Mas pela pele ainda é sentida. 
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Porquê que ela é gananciosa?
Ela toca violino na rua
dando música à calçada
E quer uma moeda generosa
Mesmo não tocando nada. 
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A lista dos sinais:
Quão romântica pode ser a crueldade
Ela foca os olhos no objeto amado…
Mas que na verdade não tem interesse
Apenas quer experimentar o truque
E perceber se funciona de novo…
Quando consegue, sorri baixinho
Come os doces da perversidade,
Enquanto o objeto amado chora
Ela pede para elevar mais o choro! 
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Tu vives na dócil lua
És um ser extralunar,
Habitas entre as crateras
E crepitas o pó do amor,

Cada meteorito tem a missão
De ir à Terra e brilhar,
Para que de longe vejas luz
E sejas feliz pelo espetáculo.

Tantas confissões e sou mudo
Enquanto coabito longe de ti,
Lua e Rio são antigos em mim
Mas o Sol dá a volta ao mundo. 
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Tu és uma fachada,
E não de uma casa, não-
Nem isso sabes projetar -
És uma farsa bem montada
Que foi fácil de desmontar,

Ah mas por outros serás montada
Vai ser difícil explicar:
Tens a mente vazia e quadrada
Mas, por todos irás rodar.

Ó, eu tenho de confessar:
Agora tendo a acreditar na reencarnação;
És igual a Eva só que foste provar:
Em vez de uma maçã, um mamão,
Que desilusão,
Se ao menos eu te desse uma pera
E depois de comê-la te deitasses no chão...
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Levantas-te a mão para comentar
E todos aplaudiram a experiência,
Mas, por favor, vamos recapitular
Porque eu preciso de evidência:

Tu eras um anjo perdido no meio do mar
E voaste para o continente ainda magoada,
Como querias atenção decidiste magoar
Porém, não atingiste a mágoa esperada.

Claro que, então, decidiste não parar,
Tu querias sentir-te a mais desejada
Apenas um pormenor amaste ocultar:
Tu eras de alguém namorada.

Por isso tremias sempre que me vias
Com medo que eu descobrisse a farsa,
Tu és patética mas não é isso que tem graça:
É porque afinal, apaixonaste-te e não devias.

Achavas mesmo que aturaria as tuas manias?
Enquanto rezas para o Buda e dizes ser cristão?
Tu és tóxica e infestaste-me com alergias
Mesmo quando sustinha a respiração.

Estavas na tua ilha, num buraco profundo,
E decidiste viajar para fora do teu colchão,
Agora fazes parte das pessoas 'do mundo'
Mas no contexto, isso não é bom, pois não?
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Se leste todas as páginas do livro
Sabes todas as definições,
E então sabes que nesse arquivo
Não existem especulações…
Apenas há certezas e desta vez
O livro provou não estar errado:
De todas as definições que lês
És tu a definição de pecado! 
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Os vilões fingiam ser o que não eram?
Não! Eles demostravam a sua vileza,
Ao menos os vilões são genuínos,
Mas tu? Enganas a cada palavra
Ocultas cada detalhe,
E somente és aquilo que não és.

Tu és a pior vilã de todas, pois és real,
Não tens escrúpulos, és doentia,
Deliceras alegrias, enganas vidas,
Destróis sonhos, rompes sorrisos.
Também furtas corações,
Ó claro, uma deusa asteca…
Que apunhá-la os peitos
Retirando o ainda palpitante amor.

Formaste a tua seita latina
E os teus seguidores são fanáticos,
Para te manter viva
Oferecem as suas vidas por ti.
Todos vivem na pirâmide da loucura,
Onde tu ficas no topo luminoso
???
Onde tu controlas as suas mentes:
Subindo e descendo as escadas
Para intensificar o cansaço
???
És uma múmia sangrenta
_____________________________________________________________________    

Procuro por definições apaixonadas
Que descrevam o teu ser perfeito,
Mas apenas surgem amaldiçoadas
E em cada letra vejo um defeito.

Mesmo assim, duplico a pesquisa
Até a vista adormecer cansada,
Sem êxito, a realidade agoniza:
Procuro, mas não encontro nada.

Procurei e pesquisei tudo sobre ti
E pelo perfeito ser da minha visão,
Mas, não achei nada e ainda sofri
Por apenas encontrar imperfeição. 
_____________________________________________________________________    

Observaste o pássaro solitário?
Um dia inteiro a voar perdido,
Quantos foram os bater de asa?
E mesmo assim, muito poucos
Comparando aos do meu peito
Quando voa para te procurar. 
_____________________________________________________________________    

Eu tenho te observado, a ti,
Como um passarinheiro
Voando em pensamentos
Sobre as tuas leves asas
Entre as plumas e o dorso, 
????
_____________________________________________________________________   

Se tu não estás, eu não aguento
O bater do ledo peito,
O sangue circula lento
E pára em segredo,
Suspira cansado,
Sente o sono. 
_____________________________________________________________________   

Encontrei os sete oceanos do amor
Separados por montanhas solitárias,

Cada um deles isolado, mas inquieto,
Um espírito elevado à superfície,

Evaporando pelas nuvens do desejo
Condensando em um são desespero.
_____________________________________________________________________  

Amamos o teu olhar e como ele é colocado
Na direção do sol, alinhado pelas estrelas.
O seu brilho ilumina as pedras do templo
E com essa luz uma passagem é revelada:
Uma porta secreta para um mundo feliz,
Onde o pôr-do-sol ilumina parte do sorriso
E o pôr-dos-olhos tráz a escuridão do espaço.
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Tu oras ao supremo divino
Mas depois não demonstras amor,
Pelo contrário, magoas o menino
Que habita o meu interior.

Depois? Choras ao som do violino
E pintas os olhos de negro horror,
Há quem acredite no olhar mofino
E nas suas palavras de enganador.

Pessoas como tu? Abomino,
Agridem e fingem não ser o agressor,
Dizes que és grande, mas és pequenino
Nunca te caberia um pouco de amor,

O que simbolizas para mim?

Pensar em ti dá voltas ao meu intestino
E se cheira mal não é desse odor…
Pois na tua ilha é verão, e eu ensino:
A decomposição é mais rápida no calor. 
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Tu fizeste chover sangue do céu
como uma macumbeira faria,
Mas nunca olhaste para cima
E não viste que estavas debaixo
Das minhas lágrimas e suor.
Tu pensaste que era divino
E a chuva era rubra de amor! 
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"Senhor, os cavalos morreram
Cada um foi queimado,
Os soldados desmembrados
Lançados ao fogo ardente,
As carroças destruídas
Nenhum recurso restou.

General, a guerra está perdida,
Nem o Sol paira sobre nós,
Apenas a chuva cai no solo
E espalha o sangue entre nós".

"Não há mágoa que me engane
Não há dor perene que me iluda,
Sempre soube sob a crueldade,
a inevitabilidade da perda humana.
Não forcei o desejado final feliz
Não escrevi os hinos de vitória
Nem ambicionei o sucesso.
Simplesmente, cedi ao encanto,
Abracei a cruel sina da finitude
E beijei o destino como amante,
Sem queimar o incenso da festa
Sem esboçar um sorriso fraterno.

"Soldado,
Caminhei até ao desfiladeiro
Parei no topo e olhei para baixo:
Vidas marchando para a cova
Que eu tinha cavado antes.
Não pestanejei nem entristeci
Apenas assisti à queda,
Uma após o outro, desiludidos
Por terem caído como todos.
É mesmo assim, o caos humano.

"Eu não ficarei na memória
E tu serás executado pelo povo,
Eliminado entre os que são sãos
Trancado na cabana com loucos,
Nunca ninguém compreenderá
O que se passou aqui, nem ali,
Apenas os inimigos que vêm aí…"

É quando nada se espera que há beleza
E há beleza quando nada se sabe,
Mas o general sabia de tudo, ele
Não ficou surpreendido com o fim
Apenas triste por esse fim ter existido. 
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Quem me dera quem me dera
Numa bela primavera
Eu ao lado dela e ela ao meu lado
Nada era indiferente
Tudo era perfumado.
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Quantas vezes suspirei ao ver Gaia da janela
Para depois perceber que não era ela,
E eu piava como um pássaro na varanda:
"Querida Gaia, vem cá,
Queria Gaia, vem cá,
Oferece-me o teu lindo ninho".

E tu ofereces-me pequenos pedaços de pão
Para comer durante o dia,
Mas, é de noite que à janela, penso:
"Lua, será ela?", "Estrela, será ela?",
A noite não devolve resposta
E eu apenas quero voar de casa
Batendo as asas para os seus braços,
"Acolhe-me Gaia, abraça-me muito"

E nesse voo louco não olho para o escuro
Apenas a luz ligada da tua janela,
Como um pássaro adolescente e insolente,
E, ao longe, vejo-a brilhar como a lua,
E confundo-a como uma estrela,
Vê-la era a resposta que precisava!

Ah, mas, tudo tem consequências:
A noite cai em cima de mim
E agora não há retorno,
Perdi o meu ninho
Esperando ficar no teu.
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Sei que sou fadista
Porque já tenho sangue de Lisboa
E a dor das pedras da calçada
Percorre as minhas veias mudas
Enquanto nas cordas vocais flui
A dor que é própria do fado. 
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Se falar contigo é bom
é porque significa algo.
Olhar para ti é belo
Como uma bela paisagem
E se a paisagem é bela
é porque significa algo. 
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Todos os desejos estão enterrados até que o coração os desenterre,
O coveiro da razão planta  ?????
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Se folhearmos o livro da arte mundial
Um estilo de arte falta
Mais natural , frugal, cadente,
Está exposto numa página inexistente 
????
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o sol orbita o teu olhar
e é tão forte, tão forte
que mesmo dentro de grutas
os teus olhos são brilhantes e
eles brilham como estrelas.
Mesmo entre a íris noturna
um clarão brilha como o sole é tão belo, tão belo
como os vitrais iluminados
onde a benção aumenta
há medida que a luz aumenta. 
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quando a boca não é a forma de expressão,
as palavras são ditadas pelos dedos,
e sem uma só corda vocal,
as palavras fazem-se ouvir.
são como sinos frenéticos
que ecoam pelo balanço do vento,
e apenas param após escrever
todo o livro dos sentimentos.
e não importa a critica ao livro,
apenas que ele foi escrito e lançado.

o prazer está em escrevera necessidade está em divulgar.
'Papá, compra-me o livro deste senhor'
'Não, meu filho, a avaliação é negativa'
'Não importa papá, fala sobre amor!'
'Pior meu filho, que coisa tão nociva!'

Talvez apenas crianças entendam
sim, e adultos não compreendam,
e por isso, posso ser mal interpretado,
exposto ao ridículo, confesso…
Mas também confesso que não posso evitar,
e continuo a dar lugar ao que íntimo dita.
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Perdidos na floresta,
uma equipa de arqueólogos
descobriu o teu túmulo,
e desenterrou-o entre as ervas.
era feito de terra e coberto de heras,
haviam símbolos gravados
de sardos a dançar como celtas,
as figuras gravadas eram de planta
se cristais luminosos no peito.

Quando abriram o túmulo,
contemplaram-te repousada
deitada para cima, sorrindo,
sem uma impura ruga,
nem um traço de velhice,

depois, abraçaram-te,
um após o outro te abraçou,
como um feitiço sardo -
um mago celta espiava
no meio da floresta, ele via,

Ele ficou muito feliz, pois,
ele amava que te amassem
e que te vissem como és,
mesmo presa entre o caixão,
mesmo reservada nesse canto.
Pois ele sabia, que, mesmo assim,
se alguém te visse,
iriam querer amar-te.

Com tanta felicidade,
o mago dançou sobre um circulo em chamas,
e num sopro repentino, sumiu,
mas os arqueólogos morreram
sobre o teu corpo ainda quente.
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Quando o astronauta procura um planeta
Ele não sabe se o encontrará
E orbita na órbita de uma galáxia
Observando todos os planetas,
Estrelas, luas, meteoros,
Até encontrar o planeta que procura.

Um astronauta andarilho
Peregrino amante do cosmos,
Ele sabe o que quer, ele já viu muito,
Mas, quando uma nova estrela aparece,
Ele pára de olhar para os planetas,
E nem as constelações são brilhantes,
Quando uma estrela faz brilhar
o seu interior escuro - como a galáxia -
Então não há indiferença que resista.

Como conseguiste construir a tua casa
Sobre uma estrela?
És arquiteta cósmica?
Frequentaste a escola galáctica?
Quais foram as contas que fizeste?
Os ângulos que traçaste?
Estou impressionado, pois,
Apenas eu tinha conseguido isso,
Apenas eu vivia nesta galáxia,
E tu apareceste como alienígena -

Um ser estranho de um planeta distante.
Como posso voltar para casa
Agora que te vi e esquecer essa
Luz que ilumina toda a escuridão?
Tu também és escurecida por dentro
E procuras quem te ilumine,
Curioso, curioso…
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Há principies perdidos na mata
Cada um deles perdido
Com sangue de fúria pela caça,
E eu perdido por uma borboleta
Querendo a sua companhia
Sendo caçado pelas suas cores.
De alguma forma, observando,
Gostando da sua liberdade,
Com felicidade pelo seu voo….
Ah…
Mas, afinal ela é presa, claro,
Uma corça selvagem correndo,
Fugindo das armadilhas,
E eu um príncipe caçador.
Não há ilusões quanto a isso,
Mas, aos meus olhos,
O que vejo na retina,
É uma linda borboleta
E as suas lindas cores sardas. 
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Nenhum coração foi forjado para aguentar tal impacto
Se fosse um meteoro, apenas um meteorito, aguentaria,
Sairia intacto do embate rachando a pedra cósmica,
Mas assim, é o coração que se deteriora em peças,
Solidifica-se em vidro, e desfaz-se na matéria sanguínea.
Porque o amor tem uma dimensão que não cabe no peito
E porque o seu peso sobrecarrega o limite da balança?
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Eu podia chorar sempre que ficava feliz
Esse era o negócio,
Apenas aceitei, confiei no meu sócio,
Mas ainda exclamei:
Estranha condição para quem quer ficar triste. 
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Fui o tecelão de todas as paixões que o amor deu à luz,
Fui parteira desses fios entrosados no amor divino,
Vivi cada nascimento como um filho meu,
e quando a ternura não chorava, eu batia até ao grito,

Quão sádico o romântico é até que engravide o romance? 
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Quando surgiste, eras apenas chuvas de inverno
Inconvenientes gotas na forma de olhares molhados,
Eu apenas deixei que caísses no meu campo seco
E permiti te infiltrares pelos meus olhos virginais,
Pois julguei que era breve chuva passageira
E que apenas molharias a minha retina…

Se eu soubesse… se eu soubesse do temporal
E que se avizinhava mananciais de água em flor,
Formas compactas de chuva em sentimentos
Sem parar até perfurar os lençóis do meu peito,
Encharcaste todo o corpo, fiquei aguado demais
Do teu interesse, líquido veneno em armadilha.

Fiquei rendido a essa chuva que me molha sempre…

E agora, queres soprar sobre as tuas leves nuvens
Fazendo-te vento de ti mesma pelo forte sopro,
E dispersares os teus turbulentos relâmpagos
Para uma ilha tão distante como eu estarei de ti…
não quero que vás.
O que será de mim sem uma das tuas gotas?
Como o campo floresce?
Porque são essas chuvas que me florescem
Cada gota um olho que me atinge a alma querida
E tudo o que tinha forma de vida, ficará cego
Secando a última pinga do dia, ressurgindo o sol…
_____________________________________________________________________    

Os dias são belos e tu viste o mármore
Refletindo a luz do Tejo na tua face,
O teu suor são gotas de Portugal
Propriedade lusitana…
O porto mais perto daqui? Cartagena,
Para para quê ir para uma ilha pequena
Se todos os mares desaguam aqui? 
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Quero trazer 100 ceifeiros
Tratamos do assunto agora:
50 ceifam por dentro, 50 por fora,
Qual o peso da colheita?
Qual o preço da dor em quilo? 
_____________________________________________________________________   

Sê o desejo do teu projeto
Este sumário delineado:
Leres tudo o que é meu
Resumires o observado,
Refaz cada linha escrita
Desenha cada movimento,
Para concluíres a verdade:
Se for teu, tu vencerás
Como o último gladiador
Que na arena dança
Sobre o corpo do leão. 
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Há mentira no teu olhar
Uma mentira muito grande
Como a profundeza dos oceanos,
No redemoinho da íris escura
Há mistura do presente e passado,
Quantas histórias naufragadas?

O que escondes?
Quando a verdade submergirá? 
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quantas palavras tens para infidelidade?
nenhuma delas chega e muitas sobram,
rompeste a felicidade de quem te confiava
e assim aqueceste o peito de maldade que tens,

Ruína! Quantas ruínas de babilónia,
Pela amarga prática da magica oculta
Tu fazes parte dela: feiticeira astuta,
Que sejas queima de inquisição!
Dessa forma aquecerás todo o corpo
Não apenas o coração! 
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fosses tu a que todos falam
sem desdém nem força perdida
fosses tu consentida pelo milagre
sem que a dor vasculhasse.

então a mercadoria seria tua
cada pote de toda a alegria,
e se cada um deles partido
a beleza não se perdia.

querias tu sê-la sem perceber
e quem vai percebê-la?
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estranha criatura dos céus
composta por mil véus noturnos,
desces entre o nublado céu
e retiras o véu taciturno,
formosa mas disforme
a face da calçada pisada,
e sem cabelos de sustento
a testa cai na noite cansada. 
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Os lamentos da guitarra portuguesa
São tocados porque estou cansado,
Sem vigor para tricotar nas cordas
Apenas com tempo para as castigar,

Um povo corajoso sem barqueiro
Num barco perdido a naufragar,
E se já com água pelos joelhos
Quanto tempo me resta para tocar? 
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Permite que te diga um dia:

Como a tua alegria acabou
A que tanto te enalteceu,

O que se passou contigo?
Como a felicidade te esqueceu? 

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Somos como duas ilhas virgens,
E se escrevesse fado escrevia
Sobre a solidão, as suas origens,

E como sob nossa canoa chovia
Lágrimas da ponte sobre o Tejo. 
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Quando um só sino tocou

Avisado da tua chegada
Todos os outros tocaram
Nenhum quis ficar para trás,
A cidade ficou animada
Observando a tua entrada
E até as pedras da calçada,
Atentam para o que farás. 
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Tu és o romancista do teu sonho
Quando foges da realidade
E colhes flores em marte,
"Dois pardais pelo preço de um"
Uau, quantos dias escreveste
Ansiado pela liberdade? 
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Cedo o sol eleva os raios
E, um por um, une e os eleva
Na feliz alegria do calor dado,

Como cada um dos dedos
Que da minha mão se unem
Para aquecer o teu rosto rosado,

Eu e ele temos um pacto
Mas, quantas vezes ele te falhou?
Já eu, a ti não tenho falhado!

Então aquece o pensamento
E aquece-o ao meu lado.
______________________________________________________________________  

Quando entristeces, anoiteces o cosmos
Um longo suspiro esfria a natureza perdida,
A causa do esvanecer rápido é esquecida
E só tu importas pois está triste a tua vida.

O tempo não deseja avançar ao te ver sofrer
A órbita suspende o voo, encolhe ácido o riso
Há greve entre todas as estrelas e se for preciso:
Apenas haverá sol quando houver o teu sorriso. 
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Enterraste o céu dentro da lua
Para que ninguém te roubasse,
Tu és fúria noturna e desgaste,
E quando há eclipse do luar
A tua fé no céu é desastre. 
______________________________________________________________________  

Nada foi como nas margens do rio Tigre
Onde ondas entrelaçavam os pés em fogo
E se podia ver Nínive banhada pela neblina,

A voz do profeta inclinava o pó dos corações
Mas apenas um batia com adrenalina,

No início foi assim, mas,

Nesse dia descobriram o amor no deserto,
Os corações do calor ficaram mais perto
E não caiu fogo do céu, nem entrou pó na retina. 
______________________________________________________________________  

Foram as pétalas que contei
Nos teus fios de cabelos marinhos
Um a um - contei-os sozinhos,
Um a um - cantando amores,

Tantas subtilezas elegantes
No ninho de doces louvores
Todos eles sempre menores
Que a tua grandeza floral.
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Sem chão construo o teto
Esperando que nada caia,
Sem amor procuras afeto
Mas a tristeza não é gaia,
Apenas um triste dialeto
Do qual tu és a cobaia. 
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Da felicidade à tristeza:
Afinal quantos degraus subi
Para que não páre de cair? 
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Não há um amor tão forte
Como a libertar o amor
Deixá-lo viver livre
Aguentando o sofrimento
Calado
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Reconheço um soldado quando o vejo, e quando abatido ainda mais o conheço, o seu rosto é lama derretida e a luz dos olhos é drenada para o único local conhecido: as trevas da mente. Sim, a luz é sugada pelos axónios sombrios.
A boca forma uma trincheira de guerra, onde 32 soldados estão abatidos, nenhum deles acudido nem resgatado com vida. Somente cobertos com areia do deserto.
Quantos coveiros são necessários para guardar nas covas cada célula do corpo? 
______________________________________________________________________  

Apenas três dedos são precisos
A flecha é lançada, cravada nos três,
E todos os neurónios são diferentes
Alinhados em três filas de três,
Um após o outro morto pelo cupido,

Ah, e quem não morre fica arrependido
Pois todos desejam morrer de amores! 
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Não é possível um sorriso ser tão falso
Se em dentes tão claros reflete verdade,
As palavras ressoam no cal e purificam
E quando te ris acendes todo o brilho,
Onde até os negros olhos se iluminam. 
______________________________________________________________________  

Se tu me queres, não te afastes,
Achega-te aos meus braços.
Se me sorris, não o escondas,
Coloca o teu sorriso em mim.
Porque haverias de perder
Aquilo que queres conquistar?
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A potência do amor é vivida pelos outros
Todos aqueles que declamam o seu amor,

Já eu sou trovão incontrolável
E é por ti que eu relampejo de paixão!

Pois apenas sendo o prenuncio da tempestade
Podia amar tal furacão.
______________________________________________________________________  

Linda rosa do céu eterno,
que se abre de surpresa
como as asas de um anjo,

Tu és bela até no inverno
O teu aroma não pesa
Ele dá cheiro ao celo!

E por isso sobes

O teu aroma é muito belo
distinto das outras flores
plantadas no solo. 
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O coração emite o decreto na agulha do sismógrafo
Reduzindo a sua frequência, espaçando o ritmo.
O rio sanguíneo fluí lento nas margens do peito
Transbordando na mente, molhando o algoritmo.

Na tua presença uma onda gigante se forma,
E desprotegido, fico sem hipótese de salvamento,
Resta-me suspirar o último suspiro
E morrer abraçado ao meu último batimento.
______________________________________________________________________  

Quantas consequências por te amar?
Quem no oculto adormece calada
Não desfaz o desejo abominável
Agora se sou a noite e madrugada
Que se cale o dia e os seus risos
Que não haja festa nem gargalhada,
Nem que veja um dos meus sorrisos.
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Quem querias que faltasse:
O teu amor ou raciocínio?
Eu convindo no asilo conjunto
E recebo visitas à sexta-feira,
O dia do santo retiro e jejum.
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