Quadras 2023
Foram selecionadas 293 quadras de 2023 que agora são aqui apresentadas.
Todos sabem o que acontece
A vida nasce e esmorece
Esmorecido também fico
E fico triste e fico afito.
-Jáo Pedro
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A minha mente ficou parada no tempo
E em câmara lenta não saiu do lugar,
Para ele ainda estou no passado lento:
Onde lentamente continuo a te beijar.
-Jáo Pedro
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Quero compor para ti bela música
Para cantares com a tua voz angelical,
E escrever-te a mais bela poesia
Para declamares no teu lindo recital!
-Jáo Pedro
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Tu és um pó que se dilui no meu sangue
E afeta a minha imunidade cerebral,
E não há nada que páre ou que estanque
A amorosa hemorragia hormonal!
-Jáo Pedro
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A vida pode ser uma fantasia rara
Que não se explica nem com treino,
E por isso eu compro-te uma tiara
E faço-te a princesa no meu reino.
-Jáo Pedro
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Eu amei-te em liberdade enquanto estava preso
E libertei-me das amarras de não te querer amar,
Mas fui apanhado de novo e de novo não saí ileso,
Só que desta vez, sou recluso na prisão do teu amor.
-Jáo Pedro
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Tem raptada a minha energia e a minha felicidade,
Um resgate por tudo isso ele quer que empreenda
E que continue a amá-la mesmo contra vontade.
-Jáo Pedro
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O óbvio é amar-te em um silêncio sustenido
E sussurrar ao desespero esse sustido amor,
Pois ouvir essa ansiedade é alto som sofrido
E suster a respiração evita o suspiro da dor.
-Jáo Pedro
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Frases românticas ou frases vazias?
Sei que és bonita por fora e isso é evidente
Mas não me impressionam ninharias,
Eu prefiro o teu íntimo curioso e inteligente.
-Jáo Pedro
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Para amar é preciso saber o seu idioma
E a língua do amor é de todas a mais secreta
A comunicação é falha e não há diploma:
Falamos cinco línguas e nenhuma é concreta.
-Jáo Pedro
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As sementes evaporam nas esteiras
Não há entradas perpendiculares,
O povo corta árvores, faz madeiras,
E caminhos secretos e subliminares.
-Jáo Pedro
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Quantos hectares de solidão criaste
Dentro da natureza da minha raiz?
O terreno da boa alegria queimaste
E agora diz-me: como posso ser feliz?
-Jáo Pedro
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Beijei os lábios secos da minha querida amada
E agora procuro essa textura em todos os lados,
Beijo todas elas, mas, em todas, não sinto nada
Apenas os dela deixam os meus lábios beijados.
-Jáo Pedro
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Saudades é caravela naufragada
Em um mar de agiomas arosados,
Cardumes nadam, ela é afagada
Nos em líquidos beijos salgados.
-Jáo Pedro
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Tu empobreceste o meu tesouro
Saqueaste a minha alma dourada,
Eu tinha quase tudo,
Agora tenho quase nada.
-Jáo Pedro
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Tu cometeste um assassinato de amor
Assassinaste sem dó o meu coração,
Onde está a polícia do verdadeiro amor
Para punir os crimes da falsa paixão?
-Jáo Pedro
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Como está vazio aquilo que sinto
E tudo o que sou agora está vazio,
Tu foste uma alegria sem tristeza
E agora és uma alegria tão triste.
-Jáo Pedro
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Na apoteótica certeza de não te ter
Só me falta lutar contra mim a teu favor
Pois se há iminência de te falhar
É aí que acrescento mais meu amor!
-Jáo Pedro
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Por quantas desilusões um homem é feito?
Quanto peso no peito pelas decepções pesadas?
As correntes de ouro foram tiradas
Ainda assim pesa tanto o peito…
-Jáo Pedro
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Na orla do teu véu há o mar
Das hostes celestes salpicado,
Os teus olhos são marinhos
Têm o rebordo do mar dobrado.
-Jáo Pedro
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Os teus olhos não são redondos humanos
Circulares planos de uma linda vida,
Pelo contrário, são verticais reptilianos
Que apenas procuram por comida!
-Jáo Pedro
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Quantos tipos de cascavéis existem no mundo?
"30 espécies" - dados que a internet fornece,
Mas existem 31 - e explico o erro profundo:
Porque o vasto mundo ainda não te conhece.
-Jáo Pedro
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Bater no meu peito
É como bater na tampa de um túmulo
E esperar ouvir o eco do sangue
Que clama por subir.
-Jáo Pedro
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Tu esticas os braços ao máximo
Mas os braços ainda estão distantes,
Não consegues aproximá-los
Como tão próximos estavam antes.
-Jáo Pedro
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Gosto de ti e lembrava-me da tua alegria
Reencarnava na fantasia de me relembrar,
Agora torno-me triste sem companhia
Pois de ti, já nem consigo recordar!
-Jáo Pedro
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Doce mel de querida pomba
Derramado sobre o seu puro leite,
Ver o teu voo me retomba
Ouvir o teu canto é meu deleite!
-Jáo Pedro
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As suas promessas despertam-me
E a possibilidade de a ouvir, anima-me,
A mera hipótese de a ver elucida-me
Que bom poder contar com isso!
-Jáo Pedro
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Nasci no meio destes sonhos de te amar
E acordo sempre querendo estar perto,
Aproveito cada momento ao despertar
Porque após adormecer tudo é incerto.
-Jáo Pedro
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Era previsível cair na tua armadilha
Foste habilidosa na sua montagem,
Montaste uma a cada uma milha
E não consegui terminar a viagem.
-Jáo Pedro
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Mostrei como a vida é bela e intensa
Mas há por ai inveja e quem não gostou,
Mostrei partes da minha vida densa
Mas quem não tem vida, não aguentou.
-Jáo Pedro
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Tu és amarela como o rio amarelo
Dás à costa o areal empoeirado
Um metal magenta gaseificado,
Que se derrete em líquido dourado.
-Jáo Pedro
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E não há maior tristeza que atinja
O casco do cavalo desgastado
Do que cavalgar uma nova guerra
Por motivos antigos e egoístas.
-Jáo Pedro
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O teu mapa cerebral é mui luminoso
As redes neuronais são como trovões,
Faiscam luzes num grupo numeroso
E nas tuas sinapses, vejo constelações!
-Jáo Pedro
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Os remos remam em direção ao pôr da lua
Onde todas as ondas ondulam em desfavor,
O oceano fica inquieto e turbulento recua
Até sentir de novo o repouso do navegador.
-Jáo Pedro
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Quantas emoções repartidas pelas câmaras do peito duvidoso,
Assim que são preenchidas têm doce amargo pesaroso.
O dom do pensamento não está em mim, perdi a cognição
Estou confuso nas antecâmaras da mente e coração.
-Jáo Pedro
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Ó meu querido como a paixão se serve:
Pratos temperados com toda a potência
Então, que dessa fome já não se enerve
E que, por fim, faça jejum de carência!
-Jáo Pedro
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As cascatas já não jorram
Finalmente há aquedutos,
As plantas já não choram
Têm os olhares enxutos.
-Jáo Pedro
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Os teus olhos são pintados a óleo
Lindos e leves afrescos de Paris,
Mostrar essa arte é o teu espólio
E poder vê-lo é o que sempre quis!
-Jáo Pedro
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Não perco a direção de Paris
Nem temo a falta de sorte
Pois tu és a minha Polaris
E mostras o meu norte!
-Jáo Pedro
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Talvez tivesse de olhar para todas as estrelas no espaço
Até encontrar a luz que a mim me reflete,
Será que estarias lá ao meu lado de braço dado
Ou continuaria sozinho e tudo se repete?
-Jáo Pedro
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Já não sou quem era
E tu ficaste à minha espera,
Lamento não ter percebido
Que estava tão perdido.
-Jáo Pedro
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Que delimitasse as crueldades humanas,
Mas ao te conhecer percebi que me engano:
És tão cruel que até a mentira enganas!
-Jáo Pedro
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Fui relembrado de algo importante,
E ao olhar para ti, isso tu redobras
Pois: "Semelhante atraí semelhante",
É por isso que te atraem as cobras!
-Jáo Pedro
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Como alguém pode ser tão cruel?
Ao ponto de te prender na ilusão:
Aproximou-se mas nunca foi fiel
E apenas ofereceu-me desilusão.
-Jáo Pedro
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Gosto de ti mesmo de baixo desses escombros
E em teu favor removo cada pedaço de entulho,
Deixa-me pegar-te ao colo, aliviar os teus ombros,
Deixa o teu peso comigo, eu embrulho.
-Jáo Pedro
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Querida eu esperei por ti com paciência
De noite, ao sol e à chuva eu esperei,
E de tanto esperar era óbvia a ciência:
Sou feito de ferro, e como tal, enferrujei.
-Jáo Pedro
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Não há sombras da noite que escureçam a tua luminosidade
Todos os raios estão ao teu dispor, mesmo na noite cerrada,
A teu pedido, eles alteram a rota e mudam de velocidade
E a escuridão nunca absorve a luz da tua face iluminada.
-Jáo Pedro
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Tu superas todas as constelações vadias
Disformes formas que a negra negridão reluz,
Tens um fundo branco e com a luz te alias
Em todos os pontos da tua pura face há luz.
-Jáo Pedro
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Estou numa ilha de desprazeres
Onde toda a areia é mar,
Ninguém me salva dos deveres
De escavar um túnel e escapar.
-Jáo Pedro
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Tenho culpas se pertenço ao sacrifício
E amar-te foi tudo o que na vida restou?
Fazer sangue de amor é o meu ofício
E sem mais gotas, o trabalho acabou.
-Jáo Pedro
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Tu podes não querer ser âncora no oceano
Preferindo navegar sobre o navio flutuante,
Mas, por viajares longe, ano após ano,
Faz com que te aproximes do rumo errante.
-Jáo Pedro
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Só há dor se puder sentir a dor
Mais que não seja, sofrimento,
Quando não há mais medidor
É apenas um dia de desalento.
-Jáo Pedro
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Do teu lado há ponteiros rápidos
E indiferença para o verão eterno,
Queimas na geena todos os sábios
Nenhum chega ao certo inverno.
-Jáo Pedro
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Quantos felinos feridos por horrores
O peito é turbulência audível,
Numa das veias ouvi duros rumores:
A ansiedade será infalível!
-Jáo Pedro
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A ansiedade é um monstro devorador de sonos
E não há noites bem dormidas na sua presença,
Os humanos não são de si próprios seus donos
Quando são infestados por tamanha doença.
-Jáo Pedro
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Velas de caravela sobre a tua cabeça
Te fazem navegar em pensamentos,
Sopram os ventos de alegria e tristeza
E rumas a felicidades ou sofrimentos.
-Jáo Pedro
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Diziam que eras um 10/10 e fui investigar
Pois um valor desses não era comum,
Mas fui enganado, era de desconfiar
Pois, 10 a dividir por 10, é igual a um!
-Jáo Pedro
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Tu eras a perfeita luz que me iluminava de dia,
Pois, o sol é estrela que desgasta a minha pele nua,
Já não brilho fora da tua brilhante companhia e,
Se sou iluminado pelo sol, é apenas através da lua.
-Jáo Pedro
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Quantos filtros puseste? Saturaste,
Uma foto de dia no modo noturno?
Desta vez, confessa que abusaste:
O rio Tejo são os mares de Saturno!
-Jáo Pedro
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Fui enforcado no oceano do Egito
Escapando por uma esmeralda em pó,
Remem ondas da plenitude, estou aflito
Não consigo escapar da fúria do Faraó!
-Jáo Pedro
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Quantos barcos abastados saíram do porto
Rumo à mais distante ilha do poente
Como a viagem será grande e sem conforto,
Espero não acabar morto nem doente.
-Jáo Pedro
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Tu existes nas constelações eternas
E cada estrela delimita o teu rosto,
Desde o pescoço até ao fim das pernas
Tu brilhas no céu depois do sol posto!
-Jáo Pedro
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Ó, como a natureza brilha e é intensa,
Rodopia, gira e dá voltas à cabeça,
Quem diria… como tudo se interliga
E tudo é perfeito na sua harmonia.
-Jáo Pedro
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Nem te conheço e já falhei no teste
Fiz o exame de admissão e falhei,
Uma negativa, foi o que me deste
E ainda hoje, não sei onde errei.
-Jáo Pedro
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Ninguém acredita que se chora por coisas futuras
Como se essas fossem factos passados,
Mas quantas lágrimas são dor e derramadas
Na fusão da perceção com o tempo?
-Jáo Pedro
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Não vale a pena educar o coração,
Ele é insolente e indisciplinado,
Podemos ensinar como evitar a paixão,
Mas ele ficará logo apaixonado.
-Jáo Pedro
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Quantas subtilezas só vistas de cima
Por elas, hostes celestiais se inspiram,
Mas só conseguem tê-las por estima,
E, por isso, os anjos suspiram.
-Jáo Pedro
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A vida passou, pois há uma nova
E nessa passagem existe crime:
Foi cavada uma larga cova
Enterram o antigo regime.
-Jáo Pedro
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O meu amor é uma calamidade
É catástrofe e emoção:
Os seus olhos são tempestade
E tem boca de um vulcão!
-Jáo Pedro
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Não é de hoje que há muitas fofoqueiras
Mas agora há mais fofocas - há quem diga
Então não as alimentem como fogueiras
Não digam nada e desassociem a intriga.
-Jáo Pedro
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Talvez tenha visto um cometa mais moreno
E com uma luz que o perseguisse mais brilhante,
Mas ele acabou por desaparecer e ficar pequeno
Enquanto a tua luz natural é uma constante!
-Jáo Pedro
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Quantas vezes fiquei preso pelo que não via
E querendo sair ficava imóvel na paixão?
Os ossos eram a grade que me impedia
De sair dessa infracional prisão!
-Jáo Pedro
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No dia da tua morte, perguntas surgirão,
E todas elas têm de ser respondidas
Uma delas: quantas autópsias te farão?
Pois, tens em ti, múltiplas vidas!
-Jáo Pedro
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Se um dia morreres de AVC
Será por derrame de fantasia
Novas cores escorrem do nariz
E mil alegrias acabam de morrer.
-Jáo Pedro
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Sou o mais triste de todas as aldeias
E todos elas choram por mim.
As capelas mortuárias estão cheias
E ouve-se o canto fúnebre em latim.
-Jáo Pedro
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A inspiração é um príncipe mimado
Que só se mostra quando lhe convém,
Passa muitas horas deitado
E olha para a atividade com desdém.
-Jáo Pedro
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Com o teu encanto eu me encanto
E quanto encantado fico pela alegria!
O teu olhar é fantasia e não é espanto
Que tu sejas o encanto do meu dia!
-Jáo Pedro
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Flamejas a mente com a tua ideia
E pensamentos ardentes crepitam,
Ardendo como a cinzenta Pompeia
Como és vulcão, todos te evitam.
-Jáo Pedro
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Eu quero o puro amor verdadeiro
Onde o amor é pura evidência,
Não quero menos que um amor inteiro
Nem um amor de conveniência.
-Jáo Pedro
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As silvas escorrem na muralha
E o poder as pedras escasseia,
E se na pedra a raiz se espalha,
Não dura uma semana e meia.
-Jáo Pedro
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Eu queria em cada momento
Ir contra o vento, ir para trás,
Não seria para a alma alento
Mas para te ver, tanto me faz.
-Jáo Pedro
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Vou-te contar um único segredo
Uma vez só, por isso, presta atenção:
Tu fazes parte do meu enredo e
És peça chave da minha conspiração!
-Jáo Pedro
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Estou preso e comprometido
A verdades que ninguém sabe:
Ela rouba as setas ao cupido
Para não ser atingida com uma.
-Jáo Pedro
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Por norma, usa-se filtros para se esconder
A verdade e alcançar a ilusão que alude,
Mas, quantos filtros a realidade tem de ter
Para poder se comparar a ti em plenitude?
-Jáo Pedro
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Entre puros cabelos de cavalos lusitanos
Cavalgo pelo lindo lago do leste da Roménia
Todos me esperam para a festa de 20 anos
Em que conquistei o norte da armada Arménia.
-Jáo Pedro
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Tu és um lindo pássaro, com brancos voos risonhos
Tu és livre e voas alto, soltas as asas e flutuas,
Mas eu sou pássaro preso numa gaiola de sonhos
E nem sequer as asas que uso são minhas, são tuas.
-Jáo Pedro
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Tu és mais doce que o doce das framboesas
E mesmo que nesse doce haja amargo a limão,
Mesmo que nessa força existam fraquezas,
Eu ainda quero adoçar-me com o teu coração.
-Jáo Pedro
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O mestre verbaliza o erro do aprendiz
Ele chora, mas o repete e no final diz:
Quero falhar novamente e beijá-la
Quero repetir e repetir o que fiz.
-Jáo Pedro
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Eu beijei o veneno da tua boca
E permiti que fosse envenenado
Agora, quero mais veneno
Para morrer descansado.
-Jáo Pedro
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Nos nossos rostos iluminados
Há feixe de luz que os almeja,
Lampejo de sorrisos molhados
Onde o nosso beijo relampeja.
-Jáo Pedro
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Por honra e por mérito tu venceste a competição:
Lutar contra a minha resiliência
Derrotar as minhas defesas
Matar o meu coração.
-Jáo Pedro
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A tua visão é periférica e alcança mais horizontes
E eu quero chegar a todos eles contigo.
Alcança também a minha mão e leva-me para longe
Junto a ti fico mais perto do paraíso.
-Jáo Pedro
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Mais do que companhia, necessito da tua alma imensa,
E os teus invulgares olhos vulgarizam o meu coração,
Quantas vezes fico perdido pela solidão que me acompanha
E desejo que alguns olhos me guiem para fora das emoções.
-Jáo Pedro
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Tu por si só és a fonte da charada e uma coruja na farda
A explicação da semente brotar e da montanha viver,
Os cumes são altos, os vales são baixos pela tua altura,
E não há solo que dure pouco ou sol de pouca dura em ti.
-Jáo Pedro
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tu eras aquela que eu amava amar
e só por ti o meu coração batia,
Por ti a paixão foi-se apaixonar
e sem ti a felicidade não bastaria.
-Jáo Pedro
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O poder da imaginação corrompe a realidade,
E dia após dia acreditava numa mentira,
E quando descobri que vivia na falsidade,
Não tive forças para negar que a vivia.
-Jáo Pedro
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Eu pensei que te fosse amar como Deus ama o mundo
E fazer de ti o meu mundo enquanto adoramos a Deus,
Mas a ilusão foi mais forte, o infortúnio profundo
E creio que os meus objetivos nunca serão os teus.
-Jáo Pedro
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Faz um conclave e rápido elege:
Quem aceitar e quem excomungar,
No fim, serei para ti um herege
Ou serei um santo para adorar?
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Não és tu a tal, eu sei que não,
Tu isolas o pensamento
E castigas a razão emocional,
Porque iria escrever para ti?
-Jáo Pedro
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Como procurar ordem no caos
Escrever para ti é tempo perdido,
Pois cada palavra é oca e vaga
E nada mais é do que genéricos,
-Jáo Pedro
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Eu quis amar-te e tu amaste-me na insegurança
Por isso, eu vivia na ignorância do amor parolo,
E sem te querer amar, perdendo essa esperança,
Vivia na dura dor, não havendo nenhum consolo.
-Jáo Pedro
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Sem ti o tempo não é saciado
Apenas diluído em fluídos,
O coração não é queimado
Apenas evaporado em cinzas.
-Jáo Pedro
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Tu, uma rosa brotada num campo estrelado
Em forma de estrela plantado no areal,
Tu és a flor mais destacada do canteiro
E o mundo inteiro sabe o quanto isso vale.
-Jáo Pedro
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Engravidei da seita e entreguei o feto
E da digestão ainda não feita
De um filho não digerido, surgiu um neto,
Sem passar pelo esófago, saindo nas fezes.
-Jáo Pedro
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Tu és o contrário ao oposto
Um sarampo em forma de santa,
Dizes tudo o que não é suposto
Só te sai tosse seca da garganta.
-Jáo Pedro
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Poetizo as tuas formas físicas
Que nem Einstein calculou,
E pinto-as de formas idílicas
Que nem Van Gogh imaginou.
-Jáo Pedro
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Como o tácito amor é belo e inspirado na insolvência do corpo,
Sem posição onde estar pois é desconfortável sensação,
Mas por nenhum motivo é motivo para enfraquecer o espírito
E todas as forças se conjuntam em uma só forma de dedicação.
-Jáo Pedro
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Eu amo-te como um caracol ama a calma
E não há forma de não me enrolar na tua espiral,
Tu és a paciência que me lentifica o corpo
És a forma oval que arredonda o sangue.
-Jáo Pedro
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A câmara do cinéfilo foca rápido em ti:
Silêncio e Luz, câmara, ação!
Tudo é gravado numa velocidade lenta
Porque tu já és acelerada.
-Jáo Pedro
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Eu era o dono do teu cabelo
E lavava-o dia após dia,
E dentro do tanque do amor
De tanto lavar, ele reluzia.
-Jáo Pedro
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Eu choro enquanto rio, e faço a festa,
Duas horas para dormir descansado,
E se não durmo o meu dia não presta
Fico com o meu emocional estragado.
-Jáo Pedro
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O mar não pode conter o amor de ti
Extravasa na margem o choro e a dor,
Alaga o mundo em líquido pavor
E inunda tudo o que é seco em mim.
-Jáo Pedro
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Minha linda melodia, de todos os canais eu oiço
A bela sinfonia de amor como valsa atrevida,
E se todas as notas pautadas forem assim,
Quererei tocar essa música para o resto da vida.
-Jáo Pedro
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Quando eu te der um beijo,
As negras varizes do céu secarão,
E não haverá nuvem que contenha
As lágrimas que do rosto choverão.
-Jáo Pedro
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Cantas um fado azulado
Pois cantas ao olhar o céu,
E mesmo na noite de fado
Azul é o estado desse véu.
-Jáo Pedro
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Se eu pudesse amar apenas o escuro desconhecido
Eu assinava o documento para esse amor fluir,
Mesmo no breu - escuro céu - estaria iluminado
Pois era o amor assombrado que me faria luzir.
-Jáo Pedro
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A alegria é frágil, e quando vê nuvens no céu, fica triste,
Sem a luz que lhe brilhava, já não come e mal dorme,
Em vez de procurar os leves laivos de luz, a eles resiste,
Não procura a felicidade, mas apenas o que lhe consome.
-Jáo Pedro
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Esforcei-me para tocar na tua mão pois acreditava que ela era encantada,
E se eu apenas a tocasse bastava, ficaria curado das enfermidades,
Mas ao me aproximar, ao invés de tocar na palma levei uma palmada,
Triste e desencantado não cai no seu encanto, mas parti-me em metades.
-Jáo Pedro
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Fumegado como uma formiga
Fugi assustado do formigueiro,
Achei ser paixão certa e amiga
Mas é amor curto e passageiro.
-Jáo Pedro
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A paixão reluz tudo
E não há sombra que resista
Quando o amor existe, ele é claro,
Uma clara expressão para a vista.
-Jáo Pedro
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E sem sede ou sacio
Sem medo ou receio,
O olhar congela frio
E a tua pupila, refreio.
-Jáo Pedro
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Encontrei-te entre as flores da lua
Numa estação que não esperava,
De todas as caras não esperava a tua
Muitos menos as flores que carregava.
-Jáo Pedro
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O imprevisível aconteceu:
Encontrei-te
Depois o previsível chegou:
Magoei-me.
-Jáo Pedro
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Eu amo existir
E dentro do alegre elixir
Ser derramado
Para te fazer sorrir.
-Jáo Pedro
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Sem Sol não há sombra que resista
Uma após a outra desaparece,
Então sem luz nem sombra à vista
Não escondo o que de mal acontece.
-Jáo Pedro
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Talvez eu te ame como um louco
E nas teias do amor fique preso,
Enrolado numa espessa ilusão
Perdido no tempo, perdido em ti.
-Jáo Pedro
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Queiras explicar o teu verdadeiro sorriso:
De paixão, Amizade ou Indiferença,
Saber qual usas para mim eu preciso
Para perceber se perder tempo compensa.
-Jáo Pedro
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Sou um valente guerreiro em todo o resto
Mas quando dois olhos olham para mim de forma funesta
Sei que não haverá festa de vitoria e grinaldas
Apenas gritos abafados e um singelo molho pesto.
-Jáo Pedro
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Se quando eu entrelaço os meus olhos nos teus cabelos entrelaçados
E sou dominado por um olhar circular e ondular ondulado,
Não tenho de fingir que estou livre e iluminado pelo sol descoberto
Somente devo admitir que estou perdido entre os círculos do teu remoinho.
-Jáo Pedro
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Quando em ti penso, penso num deserto empoeirado
Formando a tempestade perfeita em instantes,
E eu perfeitamente irritado pergunto indignado:
Se vejo e tenho gostado, porque não gostava antes?
-Jáo Pedro
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Foi alto o impulso do sonho contigo
E nem as estrelas ou a lua ajudaram,
Não foi necessário o vento de longe ter vindo
Pois perto o desejo e amor bastaram.
-Jáo Pedro
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Todos olham para ti e só para ti desviam a atenção,
Mas tantos olhares em ti , não te embeleza a beleza,
Desejaria que todos eles fossem refletidos, e então,
No espelho da tua face apenas sobraria a pureza.
-Jáo Pedro
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Tu riste para ele e o meu sorriso desvanece
E rápido percebo o significado disso:
Que de ti para mim, nem tudo é o que parece,
Nem mesmo a luz brilhante do teu riso.
-Jáo Pedro
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De tudo o que me podia calar
É o amor que me emudece,
Nesse momento deveria falar
Mas a fala não aparece.
-Jáo Pedro
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Sempre que o meu olhar te encontra a encontrar-me,
Não me encontro a mim e em mim perco a consciência,
Mas quando me encontrar o meu prazer será amar-te
Pois, perdido no amor, porém encontrando a essência.
-Jáo Pedro
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Se voava como um albatroz
Despenhei-me contra o mar,
Pois já não me bate o vento
E até voar é um medo atroz.
-Jáo Pedro
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Escrevi mais uma carta de poesia,
Onde o amor era a escrita pedida,
Mas a esperada correspondência
Jamais foi correspondida.
-Jáo Pedro
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Os teus olhos incontroláveis estão sedados na minha presença
Enquanto lhes falo, adormeço-os na sonolência,
Eles desviam-se a todo o custo para não serem enfeitiçados
E acabem por ceder, à tentação do amor.
-Jáo Pedro
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Eu quis amar-te como mandam os livros
E folhei-os para estudar todas as formas,
Mas os teus conceitos não estão no livro, são livres,
Não estão presos às velhas normas.
-Jáo Pedro
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Dos céus ouvi uma trombeta como o som do relâmpago
Estava desprevenido, nunca tinha ouvido nada assim,
Era o amor divino que me ensurdeceu, pergunto eu:
Como o amor pode falar tão alto se eu nunca o ouvi?
-Jáo Pedro
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O teu pensamento fugitivo encontrei
Mas é no teu cabelo que me afunilo,
E eu que já sei que nada sei
Não sei se aguento ter que fingi-lo.
-Jáo Pedro
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Não devia ter olhado
Mas agora olhei,
E com o olhar consumado
Jamais esquecerei.
-Jáo Pedro
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Quem sabe se a luz tem efeito hipnotizante
E a luz cintilante dos meus olhos te hipnotize,
E abrilhantado por esse teu olhar enfeitiçante
Fique enfeitiçado e isso seja tudo o que precise.
-Jáo Pedro
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Inspiro fundo: tu és o tema delicado
Em que todos os meus pensamentos se inspiram,
Por isso, prefiro sempre ficar calado, pois,
Ao falar, até os suspiros suspiram.
-Jáo Pedro
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O fluxo do mar entravou com o vento
Um ar desconhecido e em tudo turbulento
Que travou abruto o ritmo do batimento
Tingiu da veia os olhos num tom sangrento.
-Jáo Pedro
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Assim como um corredor que entra a meio da corrida,
Como um atleta que corta o mato e ultrapassa,
Assim foste tu, mas é o teu treinador que culpo
Ao invés de te ensinar a correr, ensinou a fazer trapaça.
-Jáo Pedro
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Crime após crime
Tu saqueavas a esperança,
E eu que a poupava
Fiquei sem essa poupança.
-Jáo Pedro
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